quinta-feira, 13 de novembro de 2008

RARIDADES DO TIM MAIA

Pouquíssima parte da discografia de Tim Maia pode ser encontrada para comercialização.



A maior parte de sua obra se encontra fora de catálogo, por razões diversas: seus discos foram lançados por várias gravadoras, seus contratos, ora curtos ora interrompidos de maneira intempestiva, jamais permitiram boas relações entre Tim, “o maior criador de caso do meio artístico brasileiro” e as companhias.



Nos anos 1990, a Polygram, pelo selo Polydor chegou a lançar todo o catálogo disponível do cantor na extinta Série Colecionador, com capas simples e poucas informações sobre os discos, mas um processo do próprio Tim parece ter decretado vida curta aos relançamentos de sua obra, que não continham a sua aprovação, principalmente no que diz respeito aos “levados” que deveriam ser pagos a ele.

Na época, consegui comprar todos os discos que saíram e, com exceção do disco Nuvens, de 1982, tenho toda a obra fonográfica de Tim na minha coleção.



Este disco que coloco aqui é bem raro, de 1978 e traz Tim Maia cantando e tocando bateria e percussão todas as faixas; todo cantado num inglês malandro, cheio de maneirismos e suíngue, como o próprio Tim.



Para mim, um dos melhores discos dele, com canções excelentes, muito bem arranjadas e executadas por apenas três músicos da Banda Vitória Régia, além do próprio Tim : Paulinho Guitarra (guitarras), Reginaldo Francisco (Fender Rhodes, Hammond e teclados) e Carlos Simões (baixo).



Outro disco referencial de arranjo e produção de música pop brasileira é Tim Maia, de 1980. Os músicos são uma verdadeira constelação que envolve Robson Jorge & Lincoln Olivetti, Paulinho Braga (bateria) e Jamil Joanes (baixo), dentre outros.



Eu e Você, Você e Eu (Juntinhos), Não Vá, Tudo Vai Mudar e a baladaça Está Difícil Esquecer estão entre os clássicos deste álbum impecável. Receita de Tim Maia: metade “esquenta suvaco” e metade “mela-cueca”.



Complementando, além da consagrada biografia, escrita por Nelson Motta, existe um outro livro, meio lado B, escrito pelo cantor e amigo de trinta anos de Tim, o cantor Fábio, lançada também em 2007. Apesar de ser curta, 131 páginas, tem uma narrativa muito agradável e mostra a visão de alguém que esteve lado a lado em diversos momentos da louca vida de Maia – Até Parece Que Foi Sonho -. Está em catálogo em todas as livrarias.


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

OS GRILOS


Marcos Kostenbader Valle (Rio de Janeiro, 14 de setembro de 1943) é um compositor, cantor, instrumentista e arranjador brasileiro.



Um dos mais versáteis, talentosos e internacionais compositores brasileiros, dono de inconfundível pegada de Fender Rhodes, voz suave, pequena e doce. Existem várias maneiras de escrever sobre Marcos Valle. Poucas alcançarão a definição precisa !



Sua primeira fase, jovem de 21 anos, o primeiro disco, Samba Demais, de 1962. Vinha no rastro da bossa-nova, trazendo um frescor da brisa do mar, dos amores e sambas de verão. Encantando até aos já consagrados músicos e artistas que modelaram o gênero que hoje comemora seus 50 anos.



Obras-primas, como Eu Preciso Aprender a Ser Só, Samba de Verão, Gente, Os Grilos e Viola Enluarada foram criadas nos anos 1960, todas com o mais constante parceiro, o irmão Paulo Sérgio Valle.



Os anos setenta encontram Marcos Valle compondo trilhas para novelas e aprimorando sua música morando nos Estados Unidos, sempre perto das praias, lógico. Discos mais experimentais, como Vento-Sul, incorporam elementos de música pop que só viriam a explodir nos anos oitenta com os espetaculares álbuns Vontade de Rever Você, contendo parcerias com a banda Chicago e Estrelar, do mega hit de verão homônimo.



Uma pausa até que a Europa e o mundo descobrem sua música a partir de meados dos anos noventa. A partir do disco Nova Bossa Nova, seu estrondoso sucesso mundial o torna um dos mais respeitados músicos brasileiros, mesmo que no Brasil goze de prestígio popular modesto, fato este que não chega a ser nenhum espanto para nós, lamentavelmente.



Marcos também coleciona sucessos populares, como Tanta Solidão, gravada por Roberto Carlos e, principalmente Paixão Antiga, gigantesco sucesso de Tim Maia, nos anos oitenta.



A extrema qualidade dos seus discos, tanto em termos de pureza de timbres como em arranjos e performance de músicos, sempre me chamou a atenção.



Vale a pena conferir as belas orquestrações de Eumir Deodato, nos primeiros discos ou os irresistíveis arranjos “pop” dos anos oitenta, feitos pelos excelentes Robson Jorge & Lincoln Olivetti e seus músicos inovadores para o som da música brasileira naquele período.



A lamentar, apenas o fato de que boa parte dessa consciência de execução e criação de arranjos tenha “sumido” das mãos dos nossos músicos em detrimento, ou a uma técnica “apurada” porém pouco musical , ou as novas facilidades do “faça você mesmo”, gigantesco algoz da contemporaneidade musical.



Passeie pelos discos de Marcos Valle :



http://umquetenha.blogspot.com/search?q=Marcos+Valle