terça-feira, 22 de dezembro de 2009

MELODIA UNIVERSAL #2

Droga: uma questão de legislação, educação, polícia, saúde ou ética ??? Todas as coisas são lícitas, mas todas convém ???


A segunda edição do Melodia Universal entrou na net um pouco antes do meu planejamento, mas é bom, pois as ideias vão e vem...

Neste programa, eu começo com um clássico subestimado- O Mal é o Que Sai da Boca do Homem- música de Baby Consuelo, Pepeu Gomes & Galvão, concorrente no Festival MPB de 1980. Longe de ser uma apologia babaca e inoportuna às drogas, que ajudou a fazer fama e enriquecer alguns grupelhos nos anos 1990, está música fala sobre responsabilidades e sobre aquilo que realmente contamina o homem.

Depois sigo com uma recente de Gilberto Gil, Os Pais, que fala sobre uma dicotomia curiosa: os pais temem que seus filhos caiam na infelicidade das drogas e dos abusos sexuais, mas continuam consumindo seus "petiscos" em casa e permitindo toda a invasão do lixo de entretenimento duvidoso em seus lares. Gil, espertamente e com sua habitual poesia canta com propriedade sobre o tema, sem moralismo, apenas com a realidade pela qual o assunto deve ser encarado.

Sigo com Seal, Love´s Divine, que narra em bela melodia, uma experiência espiritual. As vibrações positivas de Ziggy Marley prosseguem com True To Myself.

Uma "afirmação" que precisa ser melhor compreendida é "Deus Não Existe", do Vertical Bonanza, que mostra por um lado diferente que existir e ser são coisas um tanto distintas...

Agora que eu já dei alguns aperitivos, que tal entrar no site e conferir o que mais tem no programa ?

Para um acesso mais satisfatório, copie e cole o link abaixo:


http://www.thelos.org.br/site/programa-02.html


Um abraço a todos e até o #3 que deve estar no ar no início de 2010 !!!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

HISTÓRIAS COM JORGE BEN

Box Salve Jorge !!!
1994, camarim do Olympia


Minha história com Jorge Ben começa lá pelos idos de 1977, 1978, com o disco Salve Simpatia.


Sempre adorei Jorge Ben e suas composições originalíssimas. Mesmo nas auto-repetições, plágios próprios e maneirismos. Esse “looping” criativo da sua mente faz parte da música desse carioca, nascido em 1942.


Desde que o vi armado com uma guitarra Alembic, disparando aquele ritmo animalesco, descobri do que realmente gostava na vida. Eu queria tocar “aquela guitarra”, queria conhecer “aquele cara”. Já pensou ? – Tocar com aquele cara, a convite do próprio ?.


Jorge Ben era um sonho para mim. Ia há diversos shows. O primeiro deles, por volta de 1981, no Clube Atlético Aramaçan, em Santo André. Impressionantes duas horas e meia de show. Época do disco Bem Vinda Amizade, com os clássicos “Todo Dia Era Dia de Índio” e “Santa Clara Clareou”. Eu ainda ouço os ecos daquele show na minha memória e persegui-os por todos os outros shows do Jorge em que estive.


Aeroanta, Dama Xoc (onde ganhei um boné das mãos do próprio), Palace, Sesc Pompéia...


Até que num show no vão do MASP, por volta de 1991, atirei uma fita cassete no palco com algumas gravações bem caseiras da minha primeira banda – O Vaca de Pelúcia-. Estava começando a querer entrar no “negócio” da música e tive a intuição de cometer este ato “deselegante”.


Alguns movimentos rumo aos palcos paulistanos e aos caminhos que existiam na época para um jovem se aventurar no meio musical, descobri que Jorge havia ouvido a fita, se interessado pelo conteúdo e pedido ao produtor musical Pena Schmidt – o velho Pena - que fosse atrás daquela banda.


Coincidente, havia conseguido uma data na Disco Reggae Night, do meu amigo Otávio Rodrigues, no lendário Aeroanta, em SP para me apresentar com a, então, primeira banda brasileira de dancehall – reggae com influência eletrônica -. Um outro jovem produtor, Dudu Marote, a pedido do Pena foi ouvir nossa banda e ao final do show se apresentou a nós:


- “O Jorge Ben, (que já se tornara Jorge Ben Jor), falou de vocês, vamos gravar algumas coisas ?”


Depois disso, muitas coisas legais aconteceram e me levaram para perto de Jorge, como passei a chamá-lo nas vezes que o encontrei. Foram várias; algumas bem interessantes:


Após um show no Palace, na época do estouro de W-Brasil, fui ao camarim, se não me engano com o Guga e o Neto. Éramos esperados, entre tantos convidados famosos, Jorge dispara: “- Meus amigos do Vaca de Pelúcia”. O camarim cheio de gente teve que parar para ver os meninos entrarem e cumprimentarem Jorge, aquela altura um jovem senhor de quase 50 anos.


Da outra vez, Jorge me viu na platéia e me chamou ao palco.”- Meu amigo do Vaca de Pelúcia, cadê ?”. E lá ia eu, com minha habitual desenvoltura e swing no pé, dançar o “miudinho”.


Em outras ocasiões a coisa foi mais séria. No Sesc Pompéia, Jorge me apontou sua Telecaster que estava de stand by e pediu para eu subir ao palco. Fiquei lá tocando umas três músicas finais do show. Hoje lamento não ter, àquela época, a mesma habilidade e desenvoltura com o instrumento que tenho hoje, mas era muito emocionante para mim, afinal estava lado-a-lado com meu ídolo no seu habitat natural, o palco.


O último encontro bacana ocorreu no primeiro de maio de 1992 (ou 3 ). Abrimos a apresentação de Jorge Ben Jor, um dos maiores sucessos da época, no programa Bem Brasil, no Sesc Interlagos. Ao final do show de Jorge, ele nos chama ao palco para cantarmos com ele W-Brasil. E não era só isso, no Taj Mahal pediu para que ficássemos mais um pouco. Foi uma das maiores emoções da minha vida. Segurava na mão de Jorge, com força de garoto, desejando que aquele momento fosse eterno; e de certa forma, foi. “De de de re de de de de de re de...”. A letra não era difícil, mesmo que fosse, eu conheceria de cor, como conheço quase todas as letras de Jorge.


Ele ainda iria citar-nos nominalmente como banda promissora no Programa Livre, de Sérgio Groissman, o que abriu portas para irmos tocar no programa.


Depois os ventos mudaram, sopraram para outros lugares. Reencontrei-me com ele por volta de 1994 (data da foto que ilustra este post) nos camarins do Olympia, num show beneficente ao baterista Netinho, dos Incríveis que se recuperava de um câncer de garganta.


Por razões diversas, a profecia de Jorge não se confirmou. Acabamos com O Vaca de Pelúcia e com isso pulei para fora do trem. Hoje sei que quando o trem passa a gente precisa embarcar, sem hesitar, senão outros chegam, te atropelam e pegam o lugar.


Mas tudo isso é documentado, registrado e gravado. Não é devaneio da minha cabeça, não. São histórias que sempre deixei guardadas, mas as vezes vou soltando trechinhos...


Tudo isso para falar deste lançamento aguardadíssimo para mim:


O relançamento remasterizado dos treze primeiros discos de Jorge Ben !!!

Não que eu não tivesse os originais da Série Colecionador, lançado no início dos anos noventa, mas reconheço que eram versões pobres, com sonoridade duvidosa. Muitos deles também tenho em vinil. Talvez eu venda, talvez eu doe, talvez eu guarde, não sou bom negociante, sei lá...mas agora estão todos juntos, capas originais, som atualizado e um CD duplo de raridades que acompanha a caixa.


A figura atual de Jorge Ben Jor é um tanto hermética. Ouço histórias meio bizarras e esquisitas de pessoas que trabalharam com ele, mas para mim, mesmo que a persona Jorge Ben Jor seja um tanto menos interessante do que o original Ben, guardo aqueles momentos preciosos onde ele, com muita espontaneidade e generosidade, acolheu minha música com admiração e reverência. Fez a parte dele, talvez eu não tenha feito direito a minha...


Mas eu ainda estou vivo !!!


Salve, Jorge !!!


sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

MELODIA UNIVERSAL #1

Aden Santos, produtor e realizador do Melodia Universal



Entra na rede, pela primeira vez, a experiência Melodia Universal.

Na primeira edição, quase um "piloto" gravado "de primeira", todo o conceito do blog foi transmitido para o formato de um programa de rádio aos moldes do antigo AM:

O apresentador dirige, escolhe o repertório, grava, produz as vinhetas e faz a montagem final. Sem jabás...

Apesar de não ter cara de FM, o som do programa é ótimo, pois foi colocado numa boa taxa para audição, além de preservar a masterização original das músicas apresentadas, sem compressão ou equalizações, exceto quando necessário devido a má qualidade do original.

A interatividade também é possível. O Melodia Universal pode ser "baixado" para o seu computador ou mp3 player e se transformará num podcast a partir da edição #2, já gravada e que vai ao ar em quinze dias. Aliás, a periodicidade quinzenal foi adotada, por motivos práticos e também pela ausência, até agora, de anunciantes ou patrocinadores que ajudem a agilizar o tempo destinado a elaboração do trabalho. Mas podem ser bem vindos num futuro breve.

Além disso, você pode se comunicar, enviando comentários, sugestões ou ideias para o e-mail no final do post.

A edição #1 conta com as seguintes canções:

1. O Fim do Eco - Erasmo Carlos
2. Live Itself - George Harrison
3. Love Comes To Everyone - George Harrison
4. Vela Aberta - Walter Franco
5. Ele Está Pra Chegar - Roberto Carlos
6.O Homem - Roberto Carlos
7. Help Me - Elvis Presley
8. Assim Falou Santo Tomaz de Aquino - Jorge Ben
9. Heaven/Where True Love Goes - Yusuf Islam (Cat Stevens)



Para acessar, copie e cole o endereço abaixo:

www.thelos.org.br/site/melodia-universal.html


e-mail : melodiauniversal@thelos.org.br




Apesar de gostar da ideia do download de músicas e da liberdade que a internet oferece, quase a totalidade das músicas tocadas no programa faz parte do meu acervo pessoal de CDs.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

OS PARALAMAS DO SUCESSO VIERAM TOCAR NA CAPITAL

Parece que tinha sido ontem.


Há quase 20 anos não assistia Os Paralamas do Sucesso tocando ao vivo. Ainda não tinha visto após o acidente de Herbert Vianna, embora sempre tenha acompanhado, comprado todos os discos e vídeos.


A minha história como músico e pessoa sempre esteve muito ligada à banda. Quando os Paralamas estouraram fazia pouco mais de um ano que eu havia aprendido a tocar violão. De imediato me interessei pela música e pelas influências sonoras que eles traziam.


Até então, desde 1975, mais ou menos, me lembro de ter ouvido com atenção, no rádio, Roberto Carlos cantando Quero Que Vá Tudo Pro Inferno- a segunda gravação, de 1975- fiquei viciado em música e era grande fã de música brasileira.


Somente depois de conhecer meu amigo Guga, em 1979, que já tocava violão, fiquei estimulado em aprender um instrumento. Ouvindo coisas novas juntos, caímos no rock.


Era a chegada, no Brasil, desta geração de músicos jovens com outras direções musicais, idéias e sonoridades.


Vital e Sua Moto era diferente de tudo o que já havia sido feito por aqui. O reggae era quase uma esquisitice rara. Bandas de rock brasileiras sempre existiram, sem jamais ser a corrente principal do mercado, sem ter uma estrutura de shows e divulgação fortes. Exceção para a Jovem Guarda que era mais um movimento pioneiro nessa história toda.


O que veio depois de Vital é história, muito bem contada, aliás, no livro de Jamari França- Os Paralamas do Sucesso, Vamo Batê Lata, de 2003 -.


Pelas páginas do livro vou traçando paralelos da minha vida. Em certo show, em 1986, em Santo André, onde morei até os 37 anos, num certo programa de TV de 1989, no lançamento de Bora-Bora, de 1988, que procurei todas as cédulas e moedas de casa para descer até o “Mappin ABC” buscar o disco, enfim...cresci, amadureci (teoricamente), sorri, chorei, acompanhei sozinho em casa vários discos, especialmente Passo do Lui e Selvagem. Tempos depois, com meus amigos Marcello, dono da Bass Center e Ale, tive um “Paralamas Cover” que não chegou a ir para frente, mas era divertido.


Este show, de 2009 me pegou de surpresa. Gostei do último disco, Brasil Afora. Várias músicas do CD foram apresentadas. Geralmente gosto mais de acompanhar as músicas mais recentes do que assistir a um show somente de mega-sucessos.


Eles dosaram bem, o show foi finíssimo, com cenário de ótimo gosto, ótima luz e os Paralamas sempre tocando no limite, alto, forte. O 220 desencapado de outros tempos agora é intensidade concentrada.


Herbert no centro do palco, sobrevivente raçudo de um drama pessoal terrível. Parece que em alguns momentos canta melhor, mais focado e as notas da guitarra estão ainda ali, soltas, alegres, pungentes. Acordes paralâmicos.


João é o fora de série. Vê-lo ao vivo é ainda melhor que ouvi-lo em disco, pois ali o som flui muito mais. Seu breve solo de tons e octabans em O Beco, arrancou aplausos comovidos.


Bi é um bicho, um animal baixista, com digitações e levadas insanas de quem há muito se relaciona com o instrumento e o estilo.


Ao vivo é diversão, música, som e história. Espero que gravem o show desta turnê e lancem em DVD, pois estão, a caminho dos 30 anos de banda, em excelente forma !!