Vai passar nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade essa noite vai se arrepiar
Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais
Num tempo página infeliz da nossa história,passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia a nossa pátria mãe tão distraídasem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações
Seus filhos erravam cegos pelo continente,levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval,o carnaval, o carnaval
Vai passar, palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos e os pigmeus do boulevard
Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade até o dia clarear
Ai que vida boa, o lerê,ai que vida boa, o lará
O estandarte do sanatório geral vai passar
Ai que vida boa, o lerê,ai que vida boa, o lará
O estandarte do sanatório geral vai passar
Lembro bem quando comprei este vinil do Chico: era 1984 ! O Brasil vivia a ilusão das Diretas Já.
Política é o fim !
Depois disso parei de ouvi-lo por mais de vinte anos. Recuperei o gosto pela sua obra em 2007, ainda bem; Chico é fera !
A letra de "Vai Passar", parceria inspirada com Francis Hime, parece que foi escrita hoje.
Basta lembrarmos das "tenebrosas transações" feitas, não mais no escuro da ditadura, mas no claro da falta de vergonha na cara que assola o Brasil há tanto tempo.
Para não revirar o estômago com mensalões, acordos judiciais espúrios e tramóias mil que nos subjugam e amedrontam, vamos ouvir um pouco de música.
Abraço a todos !
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