terça-feira, 19 de janeiro de 2010

AMNÉSIA PROGRAMADA


Arnaldo Brandão é um daqueles músicos/compositores com os quais me identifiquei à primeira audição.



Não sei em que ponto da história, mas certamente foi enquanto ele acompanhava Caetano Veloso na A Outra Banda da Terra.



Possivelmente no disco Cinema Transcendental ou Outras Palavras reparei no timbre característico do seu baixo Fender e de alguns grooves rítmicos bem firmes, como Trilhos Urbanos, Sina e Odara. Depois descobri que a linha de Como Vovó Já Dizia, do Raul também era obra do Arnaldo.



Com o sucesso de Noite do Prazer, em 1983, no grupo Brylho, a referência foi para o reggae, nma das grandes linhas de baixo da música pop brasileira, e a partir de 1985, assume o vocal e cria o grupo Hanói-Hanói, com o grande sucesso Totalmente Demais e discos muito interessantes, como Fanzine, O Ser E O Nada e Coração Geiger.



Na época de Fanzine, em 1991, tive oportunidade de conhecer Arnaldo após um show no Aeroanta, em SP.

Cara simpático e com aparente disposição em conversar com os fãs. Algum tempo depois, estive no Rio para levar a ele uma demo tenebrosa do projeto embrionário do que viria a ser O Vaca de Pelúcia. Pacientemente e bem cansado após alguma sessão de gravação ou composição ele me recebeu para “ouvir” aquele material toscamente gravado em fita K7. Quando a gente tem 21 anos, ou quando tinha 21 anos em 1991, não se tem muita noção do que faz...



Pelas razões que a gente já está careca de saber, muita gente talentosa acaba saindo da grande mídia e ficam os “bundões” de sempre acompanhados pelas invenções sazonais do pessoal derrubadaço que gere as gravadoras e veículos de mídia de entretenimento de massa.



Ainda bem que através da Internet a gente pode ESCOLHER o entretenimento que deseja.



Tudo isso para falar, brevemente, sobre Amnésia Programada, novo disco-solo do, outrora baixista, que agora também se dedica a guitarra, violão, alguns teclados e ritmos programados.



Todos os seus discos-solos, assim como os do Hanói-Hanói contam com os versos críticos e ácidos de Tavinho Paes. Um poeta do hiperrealismo, de linguagem objetiva, um cronista absoluto da contemporaneidade, sem meias-palavras, embora desde Arnaldo e o Plano D, primeiro disco-solo, Arnaldo tenha se enveredado em escrever ótimas letras.



A coleção de composições de Amnésia Programada é excelente, muito bem executada e agradável de ouvir. O destaque é o disco como um todo, mas faixas como Beijo de Peixe, Fico Na Sua e Sorria Você Ta Sendo Filmado bem que poderiam tocar em alguma rádio.



A faixa final, Não Ligue o Gás, oferecida para Ângela Ro Ro que não a gravou por achar triste demais, é uma obra prima da canção brasileira.



Vale muito a pena conhecer este disco.



Bom, não vou colocar o CD para download aqui, mas uma visita ao site www.arnaldobrandao.com.br vai indicar como encontrar o disco ou ter algumas prévias dele.



No Melodia Universal #4, que vai ao ar na segunda-feira, dia 25, você poderá ouvir Sorria Você Ta Sendo Filmado.




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