sexta-feira, 28 de março de 2008

Com amor, ao guitarrista !


Um músico como Eric Clapton é raro de ser encontrado.

Não, Clapton não é Deus, conforme se pichava nos muros ingleses há mais de 40 anos, por sua condição humana é que seu talento e essência fluem pelas notas da sua guitarra, pelos acordes simples e objetivos e pela vida escancarada nas letras e no timbre de sua voz.

Independente de modas e tendências, jamais se contestou em Clapton sua habilidade como guitarrista. Um músico de blues que transcendeu o estilo e transformou a influência em música pop, nova, viva e aos 63 anos de idade se encontra no auge.

No palco é concentrado, sério e, apesar do jeito calado, é completamente emocional. Não é uma emoção barata, vulgar e empobrecida. Não espere ser convidado a “sair do chão”, “bater palminha” ou desempenhar alguma coreografia pornô-limítrofe durante sua apresentação.

As notas da guitarra de Eric arrancam lágrimas e arrepios, pois nela contém todos os traços da sua vida: o pai desconhecido, a criação pelos tios e avós, os anos de grave dependência alcoólica e de drogas pesadas, a morte trágica do primeiro filho...e, enfim, a vitória, a limpeza química e a paz que coordena sua vida há mais de vinte anos, especialmente nos últimos dez, com casamento e suas duas filhas.

Sua auto-biografia é muito boa. Bem escrita e concisa nos faz querer conhecer mais suas gravações e músicas.

(
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Um guitarrista reconhece outro quando é verdadeiro. A mesma busca solitária pela nota perfeita, mais emocionante; pelo acorde completo. No fundo, o compositor passa a vida toda escrevendo a mesma música, talvez a música da sua vida ou a canção da Eternidade.

Não sei (ou sei, porém, parcialmente) qual mistério nos impulsiona a criar, geralmente das nossas misérias, medos, desejos e alegrias, alegorias sonoras que possam alcançar um interlocutor. Talvez na identificação de sentimentos, a vida continue assim a fluir e a fazer sentido.

A obra de Clapton é bastante divulgada, quem se interessar saberá onde encontrar ou se sentir convidado para um café "aqui em casa", com tempo disponível e boa parte da sua obra para apreciar !

2 comentários:

Luiz disse...

"No fundo, o compositor passa a vida toda escrevendo a mesma música".
Pena que não me lembro qual foi o filósofo que disse algo similar sobre os filósofos que escrevem a vida inteira sobre a mesma idéia.
Que interessante pois a riqueza da Vida oferece esta possibilidade de se ver a mesma coisa por tantos ângulos diferentes. E não só a coisa, mas o músico e o filósofo também mudam com o tempo e, se a coisa permance, o olhar muda. E a beleza continua...

Mario Ferrari disse...

POIS É!!!!
ARTE & FILOSOFIA!
ALMA & ESPÍRITO!
DIONISO & APOLO!
Quando instantâneamente juntos é a ETERNIDADE!