quarta-feira, 17 de setembro de 2008

DICK FARNEY E SÉRGIO RICARDO


Dick Farney, nome artístico de Farnésio Dutra e Silva (14 de novembro de 19214 de agosto de 1987) foi um cantor e pianista brasileiro.

Sérgio Ricardo, nome artístico de João Lutfi, (Marília, 18 de junho de 1932) é um cantor, cineasta e compositor brasileiro.

Existe muito a ser pesquisado e falado sobre estas figuras excelentes da nossa música popular.

Obviamente que os meios de comunicação de massa, comprometido demais com "celebridades" e factóides não farão isso, mas com a liberdade de pensar e buscar caminhos podemos ter acesso a suas obras.

Conheço os dois desde que tinha uns 12 anos de idade, pois minha mãe sempre falava neles ( e em outros grandes artistas também) e me interessei pela musicalidade de suas obras.

Dick é um precursor do movimento musical que desaguaria na bossa nova, com seu estilo elegante de cantar. Voz de barítono, grandes arranjos orquestrais, piano contido muito bem executado por ele mesmo, que também tinha seu trio de jazz e lotava casas de espetáculo pelo mundo afora. Um dos primeiros grandes artistas brasileiros a ter fama mundial, com turnês ao lado de Frank Sinatra, Sammy Davis Jr., Dave Brubeck, entre outros.

Sérgio Ricardo pertence á facção "esquerda" da bossa nova. Harmonicamente sofisticado mas muito mais voltado a temas sociais e políticos, preferência esta que lhe custou anos de exílio forçado em seu próprio país, censura e afastamento da mídia.

Dick Farney faleceu aos 66 anos, em São Paulo, ainda fazendo apresentações, para públicos menores, porém com grande qualidade musical, como mostra o registro do seu último show gravado em disco, no Inverno & Verão, em 1986. Uma canção de um de seus últimos discos, Feliz de Amor, de 1983, traz um retrato cantado da cidade de São Paulo nos anos oitenta:

"Na cordilheira da Paulista/O relógio do Itaú me diz/Que eu estou a 15 graus/De ser feliz..." Só quem passava por aqui neste período pode entender a elegância mágica destes versos.

Alguns de seus excepcionais registros podem ser conferidos neste link:

http://loronix.blogspot.com/search?q=Dick+Farney

Sérgio acaba de lançar o disco Ponto de Partida (capa na ilustração do post), depois de mais de vinte anos afastado da indústria musical. Que triste prejuízo para o povo brasileiro ! Mais uma vergonha para a nossa coleção.

Sua música não é óbvia; nem por isso é complexa. Elaborada, sim. Seus temas são o amor, a vida social, os fatos e personagens populares. Suas canções são cinematográficas, pois Sérgio também é cineasta.

Neste disco temos novas versões para composições consagradas e outras (ótimas) inéditas, como a ecológica Cacumbu e Dulce Negra. Obras inesquecíveis como Barravento, Enquanto A Tristeza Não Vem, Beira do Cais, Ponto de Partida e Deus e o Diabo Na Terra do Sol, do filme de Gláuber Rocha. É um banho de cultura e música popular de primeirérrima qualidade.

Confira no site:

http://www.biscoitofino.com.br/bf/cat_produto_cada.php?id=391

Poderoso antídoto contra "seus jorges", "fresnos", "klbs", "axés" e congêneres...

Um comentário:

Mario Ferrari disse...

"Na cordilheira da Paulista/O relógio do Itaú me diz/Que eu estou a 15 graus/De ser feliz..." Só quem passava por aqui neste período pode entender a elegância mágica destes versos.
É verdade. eu fiz isso madrugadas inteiras...

Abraço
Mario