segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

CAMINHOS PARA A INDÚSTRIA DA MÚSICA...



A partir do momento que os vinis e K7s foram substituídos por CDs, ou seja, mídias compactas com prazo indeterminado de validade (o que pode significar o tempo de uma longa vida), as gravadoras, de certa forma, cederam seus masters para os compradores destes novos discos.



É claro que qualquer pessoa pode copiar um CD; da mesma forma que gravávamos nossos vinis em K7s para dar aos amigos ou para poder ouvir no carro ou walkman; porém com uma diferença básica: uma cópia de CD torna-se outro master potencial pois não há perda de qualidade. Ou seja: ao se inventar o CD e os copiadores dos mesmos, criou-se a pirataria. E não acredito que isso tenha sido um rompante não-calculado das conseqüências futuras daquela invenção. Ou foram muito “burros” ou ainda estão, de alguma forma, ocultos por trás de todo esse mercado obscuro que, em termos, decreta a falência e a extinção do modelo de “gravadoras-artistas-mercado fonográfico” e afins.



Durante muitos anos o dinheiro das gravadoras foi atirado no ralo pelos próprios “profissionais” do ramo artístico. Aqui a palavra “profissão” acaba sendo melhor compreendida como um eufemismo para “ratos”, “aves de rapina”, “saqueadores” ou simplesmente “ladrões”.



Orçamentos milionários (em dólar) para discos de artistas que sequer desejavam promover os discos, apenas, egoisticamente, ter um disco-solo gravado em sua coleção; orçamentos duplos para discos “ao vivo”, onde levava-se toda a estrutura de uma unidade móvel, mais profissionais, para captar apenas uma platéia e, em seguida, regravar todo o disco em estúdio, com novo orçamento, lógico, pois ninguém é de ferro. Desconfie de boa parte dos CDs e DVDs “ao vivo” de sua coleção; pelo menos no Brasil eles não costumam ser muito reais.



Fora isso, temos, ainda até hoje, “astros” mantidos sob contrato por certas conveniências e não por vendagem de títulos e/ou qualidade artística. De repente, um pai ou parente famoso com expressiva venda “segura” um familiar num cast de gravadora, ou uma indicação com vantagens políticas, enfim...foi tanta “esbanjação”, tanta corrupção e tanta má versação de verbas que a torneira secou.



Restam relançamentos de material ainda não disponível em CD, prática que, em certa escala, vem sendo executada.- ainda acredito que haja 5% de pessoas com vocação artística trabalhando no meio- Discos históricos que jamais deveriam ficar esquecidos. Aqui uma lembrança para Charles Gavin, baterista dos Titãs, que tem se empenhado em relançar, com qualidade, milhares de títulos.



Adorava discos, com suas capas grandes e seu chiado. Aderi aos CDs sem problema nenhum. Gosto de tê-los, colecioná-los e criar minha própria biblioteca musical. Não me satisfaz a idéia da música virar um arquivo digital, um “sei-la-o-que” baixado pela Internet. Odeio essa idéia de música fragmentadinha: baixo uma do Coldplay, outra da Britney, outra do Oásis...isso para mim é muito pouco. Gosto da obra completa, do conceito todo; do “som” que já perdeu massa física para o arquivo de wave/aiff dos CDs digitais e perde ainda mais para os mp3 (que abaixo de 192 kbps deveriam ser banidos).



Fora isso, é preciso encontrar um caminho para manter o consumo e o interesse pela música.


Redução de impostos, abolição real do jabá, que encarece os discos, pois os orçamentos de divulgação já incluem a “caixinha” dos donos de rádio, TV, congêneres e agregados em diversos escalões, incentivos legais e fiscais para quem deseja produzir novas obras tornando verbas estatais e privadas acessíveis a todos os interessados e não somente a quem possui escritórios de advocacia dando suporte aos seus desejos, exterminar os “abutres” da indústria fonográfica, enfim, é necessário novo ar, nova ética, nova mentalidade, é preciso virar o sentido da roda para que os interesses se equacionem e se encontrem os caminhos para que todos passem a se divertir e lucrar com a música.



O que está escrito acima é verdadeiro, resultado de minhas descobertas e convivência no mundo "musical" nos últimos 18 anos. Não posso citar nomes, pois além de não vir ao caso, me acarretaria processos e dores de cabeça instransponíveis, mas infelizmente, o panorama geral é este.



Que me perdoem as exceções, e sei que elas existem também.

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