sexta-feira, 27 de novembro de 2009

OLHA A DINGUE LI BANGUI



Box Set Wilson Simonal na Odeon (1961-1971)



DVD do Documentário


Minha geração cresceu privada de informações a respeito de Wilson Simonal.


A única coisa que ouvia a seu respeito era que se tratava de um excelente cantor de enorme sucesso e que tinha sido dedo-duro na época da ditadura militar, entregando vários companheiros de profissão e caindo no ostracismo.


Não se tratava de uma suspeita, era uma sentença que os meios de comunicação e os “canhotos” de plantão aplicaram sobre um artista brasileiro, claro, sem jamais comprovar nada.


Hoje sabemos que muita gente se aproveitou da ditadura militar e continua mandando no Brasil e também não é segredo para ninguém que a “esquerda” foi um negócio lucrativo para muitos e um ótimo argumento para vários imbecis assumirem o poder e governarem de acordo com seus interesses pessoais. É o populismo, o sindicalismo pelego, o mensalão, a incompetência, as indenizações milionárias, multi-aposentadorias e a impunidade, confundidas com democracia.


Muitos morreram. Vítimas cheias de ideologia de um período nefasto que ainda traz seqüelas graves ao Brasil. Afirmo aqui que sou anti-ditaduras, sejam elas de direita ou de esquerda. Não simpatizo nem um pouco com militares no poder e nem com a esculhambação política que governa o Brasil mas imagino a dor das famílias que sofreram nesse período furioso e assassino da história brasileira.


Hoje parece claro que confundiram um caso policial com uma situação política. Finalmente existe um documentário sobre o cantor (Ninguém Sabe o Duro Que Eu Dei) e um livro, Nem Vem Que Não Tem- A Vida e o Veneno de Wilson Simonal, que esclarecem todos os detalhes desta história e podem “desfazer um pouquinho” da injustiça desnecessária que baniu de cena um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos, numa época de séria guerra política, onde as principais vítimas não foram os protagonistas dela e sim os que, mesmo sem querer, se ligavam a um ou outro lado. Alguns pensando fazer a coisa certa e outros, cruéis, ignorantes, aproveitadores ou o que seja, defendendo seus interesses a todo custo.


O relançamento deste box com o período áureo da carreira de Simonal na Odeon coloca luz à qualidade musical de sua obra. Gravações de som muito superior ao que se produzia na época, excelentes arranjos e a genialidade vocal de um dos maiores cantores que já viveram no Brasil.


Estão aqui os discos iniciais de bossa-nova, mas uma bossa nova mais venenosa, com voz forte, divisão jazzística malandra num ritmo bem brasileiro. Conhecia pouco das gravações de Simonal mas fiquei encantado e feliz de saber que tenho mais 12 discos originais e mais um duplo de raridades para ouvir com o excelente trabalho de remasterização da obra, produzida pelos filhos Simoninha e Max de Castro.


Passando pelos tempos da pilantragem, que Simonal caracterizava como um descompromisso com a inteligência -talvez seja isso que os patrulheiros de plantão não suportaram-e chegando até 1971, tempo que amadurecia sua música com pitadas de soul music e que viu seu inferno em vida se iniciar.


O repertório nem mais precisa ser comentado: é clássico.


Para mim no início de carreira, Simonal era um cantor extraordinário, à medida que foi incorporando sua personalidade “malandra” aos arranjos (pilantragem), tornou-se o monstro capaz de fazer o Maracanãzinho todo cantar sob sua regência, vender milhões de discos e ganhar muito dinheiro.


Tempo, graças a Deus, de se jogar o entulho fora e curtir a música única de Wilson Simonal.


Citando, mais uma vez, Jesus: “Aquele que nunca errou que atire a primeira pedra”...



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