quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

VÔO DE CORAÇÃO, MEU AMOR...

Se com a Jovem Guarda a música brasileira se abasteceu de rock e passou a incorporar novas influências, através de discos de toda aquela geração capitaneada por Roberto & Erasmo, além da "descoberta "do soul, com Tim, Cassiano & Cia, foi com Vôo de Coração, de Ritchie, em 1983, que a referência de música pop finalmente se estabeleceu por aqui.



O lançamento da Edição Comemorativa de 25 anos revela, aos que ainda não conheciam, a pedra filosofal do pop brasileiro. Não que Lulu Santos e Lobão, com discos que saíram antes deste, não surfassem nesta praia, porém, Ritchie, com sua musicalidade inglesa, trouxe horizontes conceituais novos para emoldurar arranjos e definir sonoridades de instrumentos dentro do cenário de uma canção pop.


Não confundir com o rótulo pop-rock, amorfo, sem cara e sem caráter que veio para encobrir a música inconsistente feita dos 90 para cá.



Sobre o relançamento, recomendo que seja adquirido, pois o preço está excelente, em média 15 reais, e fora as 10 faixas originais, tem 4 faixas bônus. 3 faixas não inclusas no disco original, dentre elas uma versão espanhola de Menina Veneno e 1 gravação nova e acústica de Vôo de Coração. Além disso, comentários faixa-a-faixa, escritos por Ritchie tornam a reedição obrigatória.



Curioso observar o jovem baterista Lobão (!) em ação como músico de outro artista. Vale lembrar que nesta época ele era baterista da Blitz e tinha acabado de lançar seu excelente disco-solo Cena de Cinema. Seu estilo enxuto, econômico, porém muito claro em ritmos e levadas é um show a parte no CD.



Além de Lobão, o disco conta com um certo guitarrista chamado Lulu Santos, um ano após o lançamento de Tempos Modernos, seu primeiro disco. O talento de compositor de Lulu acabou mascarando um pouco o excepcional guitarrista que ele é e isto podemos conferir aqui no furioso solo final de No Olhar e nas guitarras “largadas” de Casanova.



Bom, o baixista do disco é Liminha, então pouco há para se dizer. Os synths de Lauro Salazar são épicos, sem serem datados. Timbram mais como um tecladista “gringo”, trazendo uma nova visão do papel dos teclados na música pop, reclamem ou não os "entendedores" de música.



Steve Hackett tocando as magistrais guitarras na faixa Vôo de Coração e no lado B do compacto de Menina Veneno, Baby Meu Bem, agora incluída no CD.



Menina Veneno é um clássico. A coesão de baixo e bateria (Liminha & Lobão) produzem uma levada irresistível, sofisticadamente simples e o solo de sax, segundo Ritchie, solfejado por ele para o saxofonista Zé Luis, nota por nota, é um dos mais eternos de toda a música pop brasileira.



Além de tudo isso, as canções são deliciosas e Ritchie canta pra caramba suas melodias personalíssimas e abrindo vocais pouco usuais na época.



Histórias sinistras dos bastidores da indústria musical declararam o fim do sucesso astronômico de Ritchie. Dizem que sua recusa em fazer gratuitamente os shows da Caravana do Chacrinha em troca de apresentações no programa foram o estopim disso tudo.



Não sei até onde o Velho Guerreiro está inserido neste caso de jabá, pois quem cuidava desses casos era um dos filhos do apresentador, mas uma coisa é certa: Ritchie saiu de um sucesso absoluto para um quase ostracismo.



Ainda há tempo de resgatar seus discos e trazê-los ao conhecimento das pessoas que gostam de música e querem mais que as ratazanas da indústria fonográfica se “explodam”.



A quem pensa que ele parou de produzir, uma surpresa: ele sempre esteve vivíssimo e pode ser apreciado em seu site oficial.



http://www.ritchie.com.br/

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

CAMINHOS PARA A INDÚSTRIA DA MÚSICA...



A partir do momento que os vinis e K7s foram substituídos por CDs, ou seja, mídias compactas com prazo indeterminado de validade (o que pode significar o tempo de uma longa vida), as gravadoras, de certa forma, cederam seus masters para os compradores destes novos discos.



É claro que qualquer pessoa pode copiar um CD; da mesma forma que gravávamos nossos vinis em K7s para dar aos amigos ou para poder ouvir no carro ou walkman; porém com uma diferença básica: uma cópia de CD torna-se outro master potencial pois não há perda de qualidade. Ou seja: ao se inventar o CD e os copiadores dos mesmos, criou-se a pirataria. E não acredito que isso tenha sido um rompante não-calculado das conseqüências futuras daquela invenção. Ou foram muito “burros” ou ainda estão, de alguma forma, ocultos por trás de todo esse mercado obscuro que, em termos, decreta a falência e a extinção do modelo de “gravadoras-artistas-mercado fonográfico” e afins.



Durante muitos anos o dinheiro das gravadoras foi atirado no ralo pelos próprios “profissionais” do ramo artístico. Aqui a palavra “profissão” acaba sendo melhor compreendida como um eufemismo para “ratos”, “aves de rapina”, “saqueadores” ou simplesmente “ladrões”.



Orçamentos milionários (em dólar) para discos de artistas que sequer desejavam promover os discos, apenas, egoisticamente, ter um disco-solo gravado em sua coleção; orçamentos duplos para discos “ao vivo”, onde levava-se toda a estrutura de uma unidade móvel, mais profissionais, para captar apenas uma platéia e, em seguida, regravar todo o disco em estúdio, com novo orçamento, lógico, pois ninguém é de ferro. Desconfie de boa parte dos CDs e DVDs “ao vivo” de sua coleção; pelo menos no Brasil eles não costumam ser muito reais.



Fora isso, temos, ainda até hoje, “astros” mantidos sob contrato por certas conveniências e não por vendagem de títulos e/ou qualidade artística. De repente, um pai ou parente famoso com expressiva venda “segura” um familiar num cast de gravadora, ou uma indicação com vantagens políticas, enfim...foi tanta “esbanjação”, tanta corrupção e tanta má versação de verbas que a torneira secou.



Restam relançamentos de material ainda não disponível em CD, prática que, em certa escala, vem sendo executada.- ainda acredito que haja 5% de pessoas com vocação artística trabalhando no meio- Discos históricos que jamais deveriam ficar esquecidos. Aqui uma lembrança para Charles Gavin, baterista dos Titãs, que tem se empenhado em relançar, com qualidade, milhares de títulos.



Adorava discos, com suas capas grandes e seu chiado. Aderi aos CDs sem problema nenhum. Gosto de tê-los, colecioná-los e criar minha própria biblioteca musical. Não me satisfaz a idéia da música virar um arquivo digital, um “sei-la-o-que” baixado pela Internet. Odeio essa idéia de música fragmentadinha: baixo uma do Coldplay, outra da Britney, outra do Oásis...isso para mim é muito pouco. Gosto da obra completa, do conceito todo; do “som” que já perdeu massa física para o arquivo de wave/aiff dos CDs digitais e perde ainda mais para os mp3 (que abaixo de 192 kbps deveriam ser banidos).



Fora isso, é preciso encontrar um caminho para manter o consumo e o interesse pela música.


Redução de impostos, abolição real do jabá, que encarece os discos, pois os orçamentos de divulgação já incluem a “caixinha” dos donos de rádio, TV, congêneres e agregados em diversos escalões, incentivos legais e fiscais para quem deseja produzir novas obras tornando verbas estatais e privadas acessíveis a todos os interessados e não somente a quem possui escritórios de advocacia dando suporte aos seus desejos, exterminar os “abutres” da indústria fonográfica, enfim, é necessário novo ar, nova ética, nova mentalidade, é preciso virar o sentido da roda para que os interesses se equacionem e se encontrem os caminhos para que todos passem a se divertir e lucrar com a música.



O que está escrito acima é verdadeiro, resultado de minhas descobertas e convivência no mundo "musical" nos últimos 18 anos. Não posso citar nomes, pois além de não vir ao caso, me acarretaria processos e dores de cabeça instransponíveis, mas infelizmente, o panorama geral é este.



Que me perdoem as exceções, e sei que elas existem também.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

NO MORE LINKS

Jack ? What does it means ?



Como pode ser observado, minha recomendação sobre o disco Certifiable, do The Police, foi retirada do ar por infringir as leis de Copyright, etc e etc.

Não mais colocarei links (que encontro na própria Internet) nos meus posts, pois pretendo respeitar; não a este bando de abutres que destruíram a arte, transformando a indústria fonográfica num elefante branco agonizante, mas ao ensinamento básico do Cristo que diz : “a César o que é de César a Deus o que é de Deus”.

A minha coleção de vinis, CDs e DVDs, todos originais ,diga-se de passagem, foi adquirida com recursos próprios, meus e de minha família.

Nenhuma gravadora jamais se interessou em me dar um brinde por fidelidade ou por respeito. Nunca vendi material promocional em lojas especializadas para “pegar um troco” como cansei de ver jornalistas fazerem, nunca...nem me deram um bom dia ou um obrigado por todos os milhares de “levados” que ganharam de mim.

Ou esses gênios engravatados e conhecedores das leis se entendem em torno de uma legislação realista ou veremos, cada vez mais, a troca de arquivos entre usuários preencher a lacuna que as mesmas gravadoras deixaram, tirando discos de catálogo, produzindo coletâneas vagabundas e investindo em “artistas” de baixa qualidade e vendagem por conveniências escusas .

Os downloads nos permitem ter alguns dos discos que não chegam até nós, ou porque o preço é extorsivo ou porque não foram lançados aqui ou porque estão fora de catálogo, enfim...além do mais, muito do que “baixo” da Internet acabo comprando, pois gosto de colecionar, de ter o produto físico nas mãos.

Por que não equacionarmos estas variáveis pelo bem de todos ?

E a pirataria de rua, por que ela continua existindo ? Não haverá gente demais se aproveitando dela ? Vocês acreditariam se dissesse que já vi policial comprando DVD pirata ?

Ok, mas o meu link copiado da Internet,ah !!! este sim, infringe as leis de copyright.

Como não tenho grana para comprar meus direitos e nem para lutar contra certa lavra de tubarões...no more links !!!
E parafraseando Pete Townshewnd (ou por que não Jack Nicholson) :
FUCK OFF !!!!

sábado, 17 de janeiro de 2009

Viva o Rock And Roll: O Boss Está Vivo !!!


Em tempos de celebridades leguminosas, roqueiros de butique, pseudo pop stars fakes fabricados e instantâneos- (por que dar nomes a eles ?)-, regozijemo-nos todos nós:

- O Boss está de volta !

Como afirma categoricamente meu amigo Ale : “ o Boss não perdoa.”

Bruce esbanja energia, vitalidade, voz e exuberância a cada novo disco. A E- Street Band toca cada vez mais afinada, mais harmônica e com mais pegada neste primeiro disco após a morte do organista Danny Frederici.

Working On A Dream traz doze composições inéditas e mais duas bônus tracks, registradas durante os intervalos da turnê do excepcional álbum Magic.

Alguns compositores parecem se aprimorar tanto com o passar do tempo que torna-se difícil dizer qualquer coisa a respeito de suas obras. Bruce é um desses talentos que não se deitam nas glórias da aposentadoria e do “nome” conquistado em tempos de outrora.

São estes os que trazem a consciência de que a música é um dom de Deus e, qualquer coisa que não seja, a constante superação soa como afronta a tal glorioso dom.

Não que isso torne o artista superior aos outros seres humanos; como boa parte deles deduz quando estão no imaginário píncaro de suas glórias; mas sim o capacite cada vez mais para servir àqueles que o admiram com talento, performance e novidade e não com estrelismo, babaquice e arrogância.

A arte é maior do que o artista. Claro; isso vale para os artistas de verdade, e não para os de “oportunidade”.

Deliciem-se com o Boss, Bruce Springsteen.