sexta-feira, 6 de junho de 2008

THE RHYTHM REMAINS THE SAME


O reggae, a partir do início dos anos setenta, influenciou muito a música brasileira.

As primordias gravações com pitadas do estilo jamaicano realizadas pelos nossos artistas; Caetano Veloso, no álbum Transa, de 1972, gravado ainda no exílio, tem na faixa Nine Out Of Ten a primeira utilização da palavra “reggae” numa canção brasileira, embora a música seja composta em híbrido “portunglês” e tenha uma introdução mais puxada para o ska, e Paulo Diniz, na faixa Bahia Comigo são sementes neste rico universo sonoro espiritual que veio trazer muitas novidades para toda uma geração de músicos e compositores, o qual não será o objetivo deste post, mas sobre o qual tenho vasto material a ser, oportunamente, visitado.

O objetivo aqui é simplesmente trazer um disco novo (2007) de uma das maiores duplas de bateria e baixo da história : Sly & Robbie.

Juntos desde 1974, eles foram alguns dos responsáveis pela difusão do reggae como um estilo mundial, alterando um pouco a batida básica do estilo (embora também sejam mestres em executá-la) e acrescentando um “peso” na condução rítmica dos grooves.

Pode-se dizer que são os “pais” do estilo “rockers” e fundamentais para artistas como Dennis Brown, Gregory Isaacs, Junior Murvin, Peter Tosh e, principalmente, Black Uhuru, o qual integraram e produziram até meados dos anos oitenta.

Tornaram-se referência. Produziram inumeráveis discos e atuaram ao lado de nomes como : Joe Cocker (álbum Sheffiel Steel), Carly Simon (com a qual celebrizaram uma inesquecível versão de Is This Love, no disco Hello, Big Man), Bob Dylan (no disco Infidels ) e Rolling Stones (em Dirty Work) para citar alguns apenas.

O álbum em questão é The Rhythm Remains The Same- Sly & Robbie Greets Led Zeppelin, onde os Riddim Twins visitam o repertório de uma das maiores bandas de hard rock de todos os tempos – Led Zeppelin-

Óbvio que os originais são incomparáveis, mas este disco traz versões totalmente inusitadas de alguns clássicos do Zeppelin, sem cair nas faixas tão manjadas. Estão aqui a soturna In The Evening, numa ótima versão, irreconhecível, No Quarter com sua bela melodia, Going To California (baixo arrasador !) e Rain Song, com ótimos violões, embora com timbres um pouco artificiais, assim como o de algumas guitarras, que, aliás nunca forem o forte de suas produções...mas desta vez até que soam bem.

É música para curtir e se divertir, com o baixo gordo e incomparável de Robbie Shakespeare e toda a “lisura” e “insanidade” de Sly Dunbar com a bateria, seus beats e loops únicos. Ótimos vocalistas trazem desenhos criativos para as melodias de Plant e fazem do disco um tributo diferente, onde não se tenta reproduzir a obra magistral do homenageado e sim criar livre e alegremente sobre um material que não necessita de explicações.

Agora que fizeram do reggae feito no Brasil um mix de "baixo e bateria frouxo com violinhas tchacaraca de luau", versando sobre coisas que nem os compositores entendem, temos a oportunidade de ouvir o que dois mestres da música jamaicana fazem para se divertir, sem o saudosismo (ou oportunismo ?) dos implantadores da máxima babaca de que “só o reggae roots é que é bom”.

Pode ouvir sem susto, é pop da melhor qualidade !!!
O disco não saiu no Brasil, tive que importar o meu, mas segue um link com o álbum todo em mp3, com ótima qualidade.

5 comentários:

Guga disse...

obrigado pelo (grande) presente!!!
abs,
guga

Eliseu Jr. disse...

Estava me sentindo "o maluco" por ter ouvido e agora, não ter encontrado esse album em especifico...Valew mesmo, e muito bom o texto, conheci mais sobre essa inusitada novidade!

Luiz disse...

Obrigado, Aden, pelo texto, pelo material e por ter, junto com o Guga, me iniciado no mundo do reggae.
Espero que o seu livro ainda seja publicado, pois aquela pesquisa é algo de excepcional.
Algumas pessoas aqui viram o DVD da Mostra Musical com você e convidados e, imagine... bocas abertas curtindo tudo aquilo.
Grande abraço!!!!

Anônimo disse...

Grande Aden,

Vou de carona com nossos amigos-hermanos ao lado, agradecendo o presente.

No meu caso, um LP duplo (lembra dessa??). No mesmo post, o disco Transa, do Caetano, e uma referência inusitada ao Led Zeppelin, minha banda genética ao lado de Pink Floyd.

Transa foi a minha iniciação no universo melódico do Caetano. Embora muito do conteúdo inspirado ali não me diga mais respeito, a sonoridade deste disco bate forte cada vez que ouço (ainda que raramente).

Já o The Rhythm Remains The Same - Sly & Robbie Greets Led Zeppelin é inédito pra mim. No sentido literal, pois nunca ouvi nem falar a respeito. Porém, vindo de uma indicação sua, PhD em reggae, só pode ser matador. Ainda mais por reverenciar os grandes mestres Zeppelosos. Um dia desses empresto uma cópia sua.

No mais, grande abraço pra você e pros amigos que passeiam pelo seu blog.

Marcelo

Anônimo disse...

Pois é Marcelo, a impressão que tenho eh q o artista q gravou Transa não existe mais. A sonoridade daquele disco é realmente única...assim como Caetano, naquela época, também parecia ser.
Este Sly & Robbie é um álbum para diversão, um aperitivo a mais para se conferir os originais do Led. Vc pode até baixá-lo daqui mesmo, se o link já não tiver expirado !

Abraço e agradecido pela ilustre visita !!!